FAZ HOJE 8 ANOS QUE TU MÃE, NOS DEIXASTE!

À MINHA MÃE:
Poderia ir ao cemitério rezar pela tua alma!
Poderia formalizar este aniversário de luto de muitas maneiras convencionais...!
Mas não!
Achei que a melhor homenagem que te podia fazer era ir à manifestação do 25 de Abril... ("... o dia mais feliz da minha vida"- dizias tu com orgulho!).
E assim, ao longo daquele muito longo desfile, fui recordando o teu empenho para que Abril vingasse!
Eras uma mulher corajosa, sem medo, nem preconceitos... activa e convicta....
Confrontavas o status quo daquela gentinha de S. Pedro do Sul... que tu incomodavas, por seres coerente e digna!
Sei que à tua morte prematura, não foi alheia a desilusão por teres constatado que os ideais da Revolução íam desvanecendo !
Naquele 25 de Abril de 1999, véspera da tua morte, estavas comigo. E eu vi, senti... o teu desgosto.
No dia seguinte entregaste-te à morte: de forma cruel... repentinamente, sem teres tempo de te explicar!
Fazes muita falta!
Sinto que continuas a olhar por mim, pelos meus filhos... e por todos os que amavas!
Obrigada mãe!
Neste momento solitário, confesso que ontem nao era apenas eu que gritava "25 de ABRIL SEMPRE!... FASCIMO NUNCA MAIS!... tu tambem... da minha garganta saiam duas vozes UNIDAS COMO OS DEDOS DA PALMA DA MAO... a tua e a minha!

Comentários

Anónimo disse…
Valores ....tão dignos, elevados, profundos e sociais, que só um coração de ouro de Mãe e Filha como o teu pode encerrar.
COISA MAI LINDA!!!
Olmanita disse…
Ao ler este texto tão cheio de ternura, tristeza, mas também combatividade, chorei...
Foi do meu pai, que tive saudades, também elas saudades combativas... Nunca passei nenhum 25 de Abril com ele porque eu vivia no Porto e ele em Braga. Os meus pais tinham-se divorciado em 1966. Mas estiveram sempre do mesmo lado a lutar para que Portugal fosse um país difernte, mais justo e mais livre. Fez em Janeiro 4 anos que o meu pai morreu... Ainda recordo as canções do José Afonso que ele nos cantava baixinho, quando éramos pequeninos... Ainda recordo as manifestações em que participámos juntos depois do 25 de Abril de 1974 e aqueles comícios à Sexta-feira no Palácio (Porto), quando eu chegava de Amarante, depois de uma semana de trabalho, o encontrava rejuvenescido.
Apesar da distância em que vivemos depois dos meus 10 anos, apesar das pequenas grandes brigas que tivemos na minha adolescência, faz-me falta. Eu quero falar com ele, mas já não está cá... Os cravos vermelhos acompanharam-no e a bandeira do Partido também... As suas raízes continuam em mim e eu sinto-o comigo (connosco) nos momentos de luta...
Olmanita
Também a minha mãe levou consigo inúmeros cravos vermelhos... e sobre a urna a bandeira do PCP!
A luta continua... SEMPRE!

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